quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Recordar é Viver - Transportes Oriental

  A Transportes Oriental iniciou suas atividades no dia 2 de dezembro de 1959, com o nome de Bangu Méier. No ano seguinte, a empresa teria ganho o nome "Oriental", em homenagem a um time de futebol. Com essa mudança, veio também a adoção da identidade visual, onde as cores passaram para verde e amarelo para, em tese, homenagear as cores da bandeira de nosso país.
  Empresas como Transportes Rosane e Viação Elizabeth foram incorporadas à Oriental. Linhas como 397, 398, 392 e 393, oriundas das duas empresas em suas respectivas ordens, foram para a Oriental. A empresa foi ganhando destaque na Zona Oeste carioca. 

  Já nos anos 1980, a empresa foi encampada pelo governo do então governador do estado do Rio, Brizola. Isso levou a uma série de consequências como o sucateamento da frota, consequência que se refletiu em diversas outras empresas encampadas. No governo seguinte, as empresas foram devolvidas. Curiosamente, a pedido de Jacob Barata, a Oriental operou as linhas da Jabour no dia em que as empresas foram devolvidas.
Em 1994, a Viação Oeste Ocidental foi criada a partir de uma cisão da Oriental. Com isso, a Oriental ficou com linhas como S14, 379, 394, 395, 398, 684, 790, 816 e 820. A empresa até então contava com uma frota relativamente boa, além de uma estabilidade econômica. Aquisições de chassis Volvo e Scania não eram raras na empresa. A Oriental inclusive teve os raros GLS O-371, configuração raríssima para o modelo atualmente, que rodavam na S-14. 

Sua pintura, basicamente verde com uma faixa amarela e, no centro, um bege marfim, era marcante nos bairros em que suas linhas passavam. Ao longo de mais de 50 anos, a pintura manteve-se praticamente a mesma, exceto em serviços especiais como o Canarinho e o serviço de ar-condicionado. Inicialmente, os ônibus de ar-condicionado tinham os mesmos moldes da pintura comum, com uma imensa faixa amarela e ondulada no meio do ônibus. Após um certo tempo, esta faixa amarela foi exclusa. Excepcionalmente nos ônibus com ar-condicionado, a faixa amarela na vertical era curva, e não reta.
  Historicamente falando, a Oriental marcou a história do transporte público no quesito frota. Foi uma das poucas empresas da capital a realizar compras massivas de chassis como B10M e F94. Os seus históricos Caio Padron Vitoria de 1995 rodaram até 2008: até o ano em que foram aposentados, chamavam atenção pelas ruas, pelas linhas rusticamente retas e quadradas, ao contrário do conceito adotado pelos ônibus fabricados na década de 1990: linhas retas e curvas combinando harmoniosamente. 


Em 2003, uma nova administração assumiu a empresa. A partir daí, a empresa entrou em decadência. Sucateamento da frota, enguiços constantes, mau estado, atrasos, todos esses itens contribuíram para a perda de confiança dos usuários. Com o tempo, surgiam reclamações e reportagens, e a Oriental continuava em um lento processo de falência. A empresa mais tradicional da Zona Oeste estava desabando. 
  Em 2008, modelos como GLS Bus 1620 e Padron Vitoria (este citado anteriormente neste texto), jurássicos, ainda rodavam. Reportagens de diversos veículos da Imprensa publicavam fotos e relatos comprovando a má eficiência dos serviços da empresa. Alguns ônibus usados de empresas como Pavunense, Flores e Real Rio foram adquiridos, entre os modelos, estavam Apache S21 1721, Svelto 1721 e Viale 1721, além de alguns Svelto 1417. O que parecia ser um sinal de melhoria, demonstrou que a empresa ainda estava em queda livre. 

  De repente, a bomba: a falência da empresa foi declarada. Boatos como a aquisição da empresa pela Flores foram por água abaixo. A empresa manteve-se operante, mesmo após a declaração de falência, para a surpresa de muitos.
A empresa contava com um Apache Vip 1721 e um Mega III 1721, ambos ex-Pavunense. Embora não tão recentes, eram os mais modernos da frota. Esses modelos constantemente desapareciam, o motivo? Ninguém sabia ao certo.
  A empresa continuou com os seus serviços. Após o começo do atual mandato do Paes, muitos ônibus da Oriental foram apreendidos e, com isso, a Imprensa fez uma grande cobertura do mau estado de sua frota. Um pool foi realizado nas linhas 790 e 684 pela Andorinha. 

   No fim de 2009, alguns ônibus da Oriental foram repintados e reformados, levando a crer em uma possível recuperação da empresa. Ônibus como o 42099, o único Vip 1721 da empresa, foram postos à venda. Uma foto divulgada pela Internet mostrou um Svelto III da empresa com a nova identidade visual que a empresa estrearia.
   No dia 30 de dezembro, foi decretada a caducidade da empresa pelo prefeito Eduardo Paes. No dia seguinte, foi decretado o fim da Transportes Oriental LTDA, uma das empresas mais tradicionais da Zona Oeste. As linhas S-14 e 398 foram assumidas pela Expresso Pégaso e a 790, pela Transportes Andorinha.
   Após o fim da empresa, novas fotos da nova identidade visual foram divulgadas. Um Mega III também foi pintado. Um vídeo foi divulgado mostrando o que estava ocorrendo na garagem após o fim da empresa: todos os ônibus estavam sendo desmontados e vendidos. Algo muito difícil de acreditar para uma empresa que operava na cidade há mais de 50 anos. 

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